Nos últimos meses convivemos com
uma notícia incômoda, a falta de água em um país que comporta aproximadamente 12%
da água doce do planeta. Quase que a ilustre frase do grego Heráclito ecoou em
boa parte do país, em que o Filósofo expressou: “Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio”. Portanto, não é de
hoje que vários especialistas vêm alertando para essa tragédia, daí o nome
deste artigo uma “Tragédia Anunciada”. Diga-se de passagem, esse fato já faz
parte da agenda de muitos chefes de Estados ha três décadas, por volta dos anos
80 e 90, em que diversas nações do planeta começaram a desenvolver planos para
conter os impactos ambientais. A partir da década de 90, vários tratados foram
criados para alertar as consequências dos impactos ambientais, sobretudo,
diante do crescimento desenfreado da industrialização e da população mundial.
Grosso modo, para citar alguns de extrema importância, se encontra a Convenção
Sobre as mudanças Climáticas realizadas em território brasileiro na cidade do
Rio de Janeiro, conhecida como ECO-92. Subsequente a essa, temos o Protocolo de
Kyoto no Japão, no ano de 1997, definindo políticas públicas que articulassem
planejamento, desenvolvimento e sustentabilidade, gerando um documento cujo
nome seria Agenda 21. Prosseguindo, no ano de 2002 os países voltaram a se
reunir, inclusive o Brasil, para tratar da questão ambiental, desta vez foi na
cidade de Johannesburgo na África do Sul, para consolidar a Agenda -21. Por
incrível que pareça até o ano de 2005 essas ações ainda permaneciam na teoria e
engavetada em nosso país, e voltou à tona somente na época da eleição, ou seja,
nada tinha saído do papel naquele e nos próximos anos (a não ser como já dito, próximo
às Eleições) até chegar à calamidade atual, a falta d’água potável em algumas
regiões do país. A saber, o Governo Brasileiro através dos seus representantes
participou de todos os tratados internacionais relacionados à questão ambiental,
mas não atribuiu importância para essa ação vital. Programa-se uma Política
externa de ajuda a países que sofreram catástrofes naturais como, o Haiti, e
deixa o planejamento das questões ambientais para o futuro, onde todos,
provavelmente, já pereceram. Compramos aviões de caça da França por preços
exorbitantes, sem ter tecnologia para explorar o Aquífero Guarani; sediamos uma
Copa do mundo, um dos Campeonatos Mundiais mais caros do globo, mas não
compramos Dragas para aprofundar os leitos dos nossos reservatórios d’água.
Avançamos na extração e refino do petróleo, fomos mais profundo e descobrindo o
Pré-Sal com a nossa maior empresa, a Petrobrás. Todavia, durante todo esse
tempo os nossos governantes fizeram vista grossa para o Planejamento em questão,
a geração de água potável, em outras palavras, os eventos citados acima fizeram
com que menosprezassem uma questão de suma importância, a água potável, o
crescimento populacional e a industrialização, resultando no caos que se passa hoje.
É óbvio, investimentos na Petrobrás, na Copa do Mundo renderam Capitais. Entretanto,
quem usufruiu dele? No caso da Petrobrás não precisa ser especialista para
saber quem usufruiu ou está usufruindo de toda a riqueza. Considerações finais:
Nos últimos dias com a falta d’água muitos procuravam o responsável e acabou
sobrando para São Pedro pela falta de chuva, pois esse não concorre a nenhum
cargo político, por isso é fácil responsabilizá-lo. Contudo, se os nossos
políticos de décadas atrás tivessem planejado, investido e executado planos
concretos com relação à oferta de água potável, com certeza, a temática deste
artigo seria outra. É inconcebível que essa questão seja discutida em período
de propagandas eleitorais, com propósito de elencar votos da população. A bem
da verdade, a falta d’água é mais uma questão política do que uma questão natural,
provocada pela falta de chuva. Acorda Brasil!
Alberto
Alves Marques
Profissão:
Professor e Coordenador da área de Humanas da Rede Pública do Estado de São
Paulo e Escritor de artigos de opinião. Concluindo Licenciatura Plena em
Pedagogia- UNICID-SP. Especialista em História pela Unicamp. Pós Graduando em
Educação Inclusiva – UNESP.
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